1 Sociólogo na Rua da Inflação (ou, de poeta e trovador a analista de números)

À 3ª Feira, este sociólogo, socializa-se, sai para a rua e fala com quem lhe der conversa.



Quando tinha 16 anos e era um jovem rebelde, poeta, tocador de viola dita clássica (eram as mais baratas), odiava e demonizava os números, atribuindo a eles a desumanidade, a solidão e todas as guerras planetárias.  

Já Social Democrata e Liberal nos costumes, muito mesmo (respeitava então todas as minorias e em especial a igualdade absoluta de género) não me apercebia então de uma contradição importante. É que sem números sérios, não existe Justiça Social!

Ainda hoje acho que existe mais vida para além dos números! Mas eles são importantes; os números ajudam-nos a melhorar!


A pergunta que levei à rua é muito simples:

- Na sua opinião, o que causou a subida generalizada dos preços?

A chamada pergunta aberta sem escolhas, tipo, ora diga lá de "Sua Justiça".  Nós( The Portugueses) adoramos que nos peçam para fazermos justiça (8 séculos de existência cria estas aberrações mentais).

Geralmente uso o supermercado, cafés, centros de saúde, locais onde as pessoas ou estão sentadas ou estão paradas, à espera...não de Godot, certamente!

Aqui estão os resultados da minha pseudo sondagem. E é pior do que eu pensava.

Por preguiça mental coletiva, a narrativa mais forte cinematograficamente, visualmente mais apelativa e curta, com laivos chocantes é a que vinga. Isso explica o sucesso das teorias da conspiração, com o seu auge no período Pandémico.


Não foi preciso esforço algum ao governo para fazer vingar a associação subida de preços versus Guerra, bastou dizê-lo uma vez apenas.  

Nós, entretanto, estamos muito ocupados a lutar contra as inércias burocráticas que validamos de 4 em 4 anos, por isso foi a Guerra e pronto!

Ora no ano anterior à invasão da Ucrânia, perpetuada por aquela aberração chamada Putin, o Eurostat, e o por cá mal-amado FMI (ainda devem ser resquícios do excelente álbum musical de José Mário Branco), mais concretamente, em Setembro de 2021, o Eurostat, dizia, tinha revelado inquietantes sinais inflacionários; constantes e persistentes; ou seja, eram indicadores, nos modelos matemáticos usados, de tendência estrutural.  Justiça lhe seja feita, Camilo Lourenço, na Cor do Dinheiro foi o primeiro em Portugal a alertar para a persistente tendência detetada em Setembro de 2021.

Perante esses números, o que fez a União Europeia? Agiu?  Enfiou bem a cabeça e o pescoço todo, na areia e por lá ficou, a Lagarde, e todos nós, a respirar por um tubo e os Costas desta Europa a assobiar para o lado!

Durante anos, o Banco Europeu, o grande
assassino da realidade factual, despejou dinheiro nas economias e foi a correr ajudar quando um governo, num qualquer país, fazia asneira, dando uma indicação completamente errada às economias.

Et doucement, sans faire du bruit,  chegámos aqui, a esta Inflação. A assobiar para o lado e a culpar a aberrante invasão, numa Europa muito perto de nós!

 

Home - Eurostat (europa.eu

O FMI em síntese (imf.org)


Fotos da rede social Pexels:

Greta Hoffman - Supermercado

Dušan Cvetanović -Europa

Amine M'siouris  - Jovem com viola 




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