1 sociólogo a não ver INSIDE MAN 👎- Netflix

 2ª Feira é dia de escolher a série para a semana. Ou não! 

Tenham uma Excelente Semana, Cheia de Coisas Boas!

           Os 3 Erros Fatais de Inside Man:

Inside Man que estreou com algum sucesso por cá, tinha aparentemente 3 coisas decisivas para ser um produto de qualidade e tornar-se uma série icónica desse canal de streaming:

1. Um bom Realizador e um bom Argumentista.

2. Uma boa Ideia(?).

3. Alguns bons Atores.

Assim, como é que tendo as 3 coisas mais fulcrais para criar um excelente produto de entretenimento, derrapa em toda a linha?

                                                                        

                                                                                 Fatalidades Primeiras 

Lucky Number Slevin, um bom thriller de acção com Morgan Freeman, provou que Paul MacGuigan é um realizador que sabe como arquitetar uma boa teia. Steven Moffat ganhou fama com um Sherlock Moderno, quase com superpoderes mentais. Mas um realizador cujo melhor trabalho é um thriller de ação, tem tendência a aligeirar o fio dramático que deve ser o condutor de uma estória com estas características.

 A série contou com 4 produtores, 3 executivos, entre os quais o próprio realizador. Demasiadas cabeças a decidir e pensar, mixórdia à vista! Deu salganhada, pois deu.  Ou faziam um filme de 2 horas máximo ou uma mini-série com pelo menos 8 episódios, se queriam contar estórias quase paralelas e juntar tantos personagens em tão pouco tempo.

                                                                                                    

                                                Fatalidades Segundas

Uma boa ideia não chega. A ideia chave é que "Qualquer Boa Pessoa" que nunca ousou ser violento com alguém ou algo, num curto espaço de tempo, horas, se pode tornar num hediondo criminoso e matar.  Esta boa ideia podia chegar a bom porto, se o caminho até lá, tivesse consistência, credibilidade. 

Mas eis que, a partir do minuto 24 do primeiro episódio, tudo parecer ser colado a cuspe. E tudo se passa a resumir ao cliché gasto da mulher/homem no sítio errado, na hora errada.

O Padre anglicano que não quer incriminar o jovem que tenta recuperar para a sociedade, exibe uma violência repentina e revela uma buçal incapacidade para dialogar (ora ele ganha o pão com oratória, correto?). 

Por outro lado, essa violência vai atingir a professora/solteirona (estereótipo vulgar) do filho que ameaça logo com a Polícia e jornais e o diabo a quatro, sem saber bem a origem da "pen drive" e do seu conteúdo, fazendo o papel de polícia e juíza, tratando Ben, o filho do Padre anglicano como efetivo criminoso.  

A exceção positiva parece ser o colega da cela ao lado, Dillon de um simplicidade e consistência fora-da-caixa, pois a realidade é sempre mais incoerente que uma lógica dedutiva sequencial.

 Mas temos mais, a jovem jornalista freelancer que sabe-se lá como e porquê, aparece naquela prisão americana/no méxico(?) e tem logo acesso a um criminoso no corredor da morte, porque o diretor é um gajo porreiro e é muito amigo da mente brilhante que é esse criminoso. 

A cereja em cima do bolo é a mente também exageradamente brilhante da professora do filho que sabe logo que a vão matar e fere-se toda para deixar o DNA na casa.

E que dizer do nosso herói (ex-professor universitário, especialista na Cadeira de Criminologia, claro) que pressente logo que a jovem jornalista fala verdade e manda investigar (o homem está cheio de recursos no exterior) o desaparecimento da tal explicadora que a jornalista conhecera numa situação de tentativa de abuso sexual/emocional sobre si mesmo de um meliante ; "situação criada" no inicio para mostrar rapidamente uma explicadora solteirona corajosa a enfrentar meliantes (num metro cheio de homens que não mexeram uma palha;ao menos enchiam o metro de velhinhas). 

É tudo muito pouco cuidado e credível, para me ficar por aí! 



                                        Fatalidades Terceiras                   

Desperdício de bons atores e atores fora do sítio, poderia ser o subtítulo desta terceira e última parte.

Stanley Tucci faz o que pode e o que não pode para dar consistência ao personagem, um tipo com princípios morais; sim podemos matar e ter fortes valores morais e éticos, estou de acordo. Mas falta espaço cénico, falta densidade e "tempo" para o personagem aos nossos olhos se agigantar e brilhar como mereceria. O Actor está no sítio certo, é bom, mas foi desperdiçado. (Tucci que é também é produtor e escritor!)

Em alta, temos Atkins Estimond no papel de serial killer colega do nosso herói, também ele, claro à espera de ser executado, num pequeno grande papel repleto de "bom, mas sádico humor".

Sempre em alta, nunca vi estas actrizes ser vulgares em qualquer projecto, estão Dolly Wells, que cumpre com brilhantismo os exageros do personagem e na mulher do Padre Anglicano, Lyndsey Mashal , a pacata esposa do cidadão modelo que liberta na professora solteirona toda a sua frustação.


Por último a relação sempre forçada da jornalista com o outrora professor, num erro de casting grosseiro, em que o texto não ajuda nada. O que vi chegou, vou acabar de ver a 4ª temporada do The Sinner e no Sky ShowTime The Fear Index. 

Ainda na HBO tenho o resto de Sucession, uma série fabulosa sobre os bastidores de uma família amoral, do seu Império e a luta desenfreada pelo poder e controlo do mesmo. 

Vejam boas séries e divirtam-se!

 O meu nome é Luís da Costa. Tenham uma excelente semana!

Obrigado por lerem esta review até ao fim!


fontes:

https://vaguevisages.com/2022/11/02/inside-man-cast-netflix-characters/

ROBERT WILSON FOR THE TIMES, Stanley Tucci, 60, photographed at Olympic Studios, London

https://www.thetimes.co.uk/article/stanley-tucci-interview-food-or-sex-that-s-the-cruellest-question-6w6rklrm6

https://www.imdb.com/name/nm0001804/?ref_=ttfc_fc_cl_t5


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